Eu penso mais na tua pele e na tua língua
Do que na alma que teu olho me mostrou
É sem teu corpo que minha'alma fica à míngua
É no teu seio que conserto o que quebrou
E quando falo da tua luz assim, quem dera
Ela acendesse em mim o santo que não sou
Mas ilumina em meu olhar o olhar da fera
Que entre tuas pernas carne sã despedaçou
É o olhar de sal de Jack, o Estripador
O que eu marquei na tua pele não se lava
Pode ser cheiro, hematoma ou cicatriz
É pelo sexo que meu sol te faz escrava
Que seja santa, cidadã ou meretriz
Se perguntarem pelo irmão não me aponte
Pra disfarçar escreva na chuva com giz
Que minha faca desfibrou seu horizonte
Rasgando a pele da paisagem por um triz
É a escolha entre ser calma e ser feliz.
Oswaldo Montenegro
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